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A formação do Cânon Bíblico

Atualizado: 11 de jun.

A formação do cânon bíblico é um tema fascinante e complexo, que nos leva a uma jornada através da história da fé judaico-cristã. Ao explorar esse processo, mergulhamos nas origens das Escrituras Sagradas, compreendendo como os livros que compõem a Bíblia foram selecionados, reconhecidos e preservados ao longo dos séculos.

Este estudo nos convida a desvendar os critérios que guiaram a escolha dos textos, as comunidades que desempenharam papéis cruciais nesse processo e as diferentes versões do cânon que surgiram ao longo do tempo. Ao compreendermos as nuances da formação do cânon, somos capacitados a apreciar a riqueza e a diversidade das Escrituras, bem como a importância da tradição e da interpretação na fé cristã.


Antes de começar a falar sobre o Cânon Bíblico precisamos entender como era antes da escrita da Bíblia.


Vocalização


A vocalização da Bíblia antes de sua forma escrita é um tema complexo que nos leva a explorar as raízes da transmissão das Escrituras Sagradas. Antes da escrita se tornar predominante, a tradição oral desempenhou um papel crucial na preservação e disseminação das histórias, leis e profecias bíblicas.


A Tradição Oral:

  • Memória e Repetição:

    • Em culturas antigas, a memória era altamente valorizada. As histórias bíblicas eram transmitidas de geração em geração através da repetição e memorização.

    • Os bardos, profetas e líderes religiosos desempenhavam um papel fundamental na preservação dessas tradições orais.

  • Ritmos e Melodias:

    • A poesia e a música eram ferramentas importantes para facilitar a memorização. Os Salmos, por exemplo, eram cantados e recitados em rituais religiosos.

    • A musicalidade ajudava a fixar as palavras na memória e a transmitir as emoções e significados dos textos.

  • Contexto Comunitário:

    • As histórias bíblicas eram contadas em contextos comunitários, como festivais religiosos e reuniões familiares.

    • Essa transmissão oral permitia que as pessoas interagissem com as histórias, fazendo perguntas e compartilhando suas próprias interpretações.

    • Referência Bíblica:

      • O próprio pentateuco, possui diversas leis e mandamentos que ordenam a transmissão oral da lei de geração em geração. Como em Deuteronômio 6:4-9, onde é ordenado ensinar os mandamentos aos filhos, falar deles em casa, na rua, ao deitar e ao levantar.


A Transição para a Escrita:

  • Desenvolvimento da Escrita:

    • Com o desenvolvimento da escrita, as tradições orais começaram a ser registradas em pergaminhos e outros materiais.

    • Esse processo de transição levou séculos, e a Bíblia foi sendo escrita gradualmente por diferentes autores.

  • Preservação e Padronização:

    • A escrita permitiu a preservação e padronização dos textos bíblicos, evitando variações e erros na transmissão oral.

    • Os escribas desempenharam um papel fundamental na cópia e preservação dos manuscritos bíblicos.

  • O Trabalho dos Massoretas:

    • Os massoretas, eruditos judeus medievais, tiveram um papel crucial na vocalização do texto hebraico consonantal.

    • Eles desenvolveram um sistema de sinais vocálicos para garantir a pronúncia correta das palavras e evitar ambiguidades na interpretação.


Agora podemos entrar no assunto do titulo deste post: A formação do Cânon Bíblico

O processo de seleção


O processo de seleção dos livros que compõem a Bíblia é um tema complexo e fascinante, que envolve diversos critérios e o papel fundamental das comunidades religiosas ao longo da história.


Critérios de Seleção:

A definição dos critérios para a inclusão de um livro no cânon bíblico variou entre o Antigo e o Novo Testamento, mas alguns princípios gerais podem ser observados:


  • Autoria Profética/Apostólica:

    • No Antigo Testamento, a autoria profética era um critério crucial. Livros atribuídos a profetas reconhecidos, como Moisés, Isaías e Jeremias, tinham grande peso.

    • No Novo Testamento, a autoria apostólica ou a proximidade com os apóstolos era fundamental. Os Evangelhos, por exemplo, são atribuídos a Mateus, Marcos, Lucas e João, que eram apóstolos ou companheiros próximos de Jesus.

    • Referência Bíblica: 2 Pedro 1:20-21 destaca a importância da inspiração divina nos profetas.

  • Conformidade com o Ensino Estabelecido:

    • Os livros deveriam estar em consonância com o ensino e a fé já estabelecidos nas comunidades religiosas.

    • No Antigo Testamento, a Lei de Moisés servia como um padrão de referência. No Novo Testamento, o ensino de Jesus e dos apóstolos era o guia.

  • Reconhecimento pela Comunidade:

    • O reconhecimento e a aceitação dos livros pelas comunidades religiosas eram essenciais.

    • Livros que eram amplamente utilizados e considerados inspirados pelas igrejas tinham maior probabilidade de serem incluídos no cânon.

  • Uso Litúrgico:

    • O uso dos livros em cultos e celebrações religiosas também influenciou sua aceitação como Escritura Sagrada.

O Papel das Comunidades Religiosas:

As comunidades religiosas desempenharam um papel crucial na preservação e reconhecimento dos textos sagrados:

  • Preservação:

    • As comunidades judaicas e cristãs se dedicaram à cópia e preservação dos manuscritos bíblicos ao longo dos séculos.

    • Os escribas e copistas desempenharam um papel fundamental na transmissão fiel dos textos.

  • Reconhecimento:

    • As comunidades religiosas, por meio de seus líderes e concílios, debateram e decidiram quais livros seriam incluídos no cânon.

    • O Concílio de Jâmnia, no final do século I d.C., foi um marco importante na definição do cânon hebraico.

    • Os concílios de Hipona (393 d.C.) e Cartago (397 d.C.) foram importantes para a definição do cânon do Novo Testamento.

  • Uso e Disseminação:

    • As comunidades religiosas utilizaram os livros bíblicos em seus cultos, estudos e ensinamentos, contribuindo para sua disseminação e autoridade.

    • Referência Bíblica: Neemias 8:1-8 descreve a leitura pública da Lei por Esdras, demonstrando a importância da comunidade na recepção e interpretação das Escrituras.

Considerações Finais:

O processo de seleção do cânon bíblico foi um processo histórico complexo, guiado por critérios teológicos e pelo reconhecimento das comunidades religiosas. A compreensão desse processo nos ajuda a apreciar a riqueza e a autoridade das Escrituras Sagradas.

As diferentes versões do cânon:


Existem diferentes versões do cânon, com variações significativas entre o cânon judaico, o católico e o protestante.


Variações entre os Cânones:

  • Cânon Judaico (Tanakh):

    • Consiste em 24 livros, divididos em três seções: Torá (Lei), Nevi'im (Profetas) e Ketuvim (Escritos).

    • Não inclui os livros deuterocanônicos.

    • A ordem dos livros difere da versão cristã.

  • Cânon Católico:

    • Inclui 46 livros no Antigo Testamento, que incluem os livros deuterocanônicos (Tobias, Judite, 1 e 2 Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico e Baruque, e adições a Daniel e Ester).

    • O Novo Testamento contém 27 livros, iguais aos do cânon protestante.

  • Cânon Protestante:

    • Segue o cânon hebraico para o Antigo Testamento, com 39 livros.

    • Exclui os livros deuterocanônicos, que são chamados de apócrifos.

    • O Novo Testamento contém 27 livros.


História da Inclusão/Exclusão:

  • Livros Deuterocanônicos:

    • A Septuaginta, a tradução grega do Antigo Testamento, incluía os livros deuterocanônicos, o que influenciou a formação do cânon católico.

    • A Reforma Protestante questionou a inclusão desses livros, defendendo o cânon hebraico como o único autorizado.

    • A controvérsia sobre os livros deuterocanônicos remonta aos primeiros séculos do cristianismo, com diferentes opiniões entre os pais da igreja.

  • Formação do Cânon:

    • O processo de canonização foi gradual e envolveu debates e decisões de comunidades religiosas.

    • O Concílio de Jâmnia (cerca de 90 d.C.) foi um marco importante na definição do cânon hebraico.

    • Os concílios de Hipona (393 d.C.) e Cartago (397 d.C.) foram relevantes para a definição do cânon do Novo Testamento.

A importância da história:


A história desempenha um papel fundamental na formação do cânon bíblico, moldando o contexto em que os livros foram escritos, selecionados e interpretados. O contexto histórico e cultural influenciou a formação do cânon, assim como as diferentes versões do cânon impactaram a teologia e a prática cristã.


O Contexto Histórico e Cultural:

  • Antigo Testamento:

    • A formação do cânon hebraico ocorreu em um contexto de mudanças políticas e sociais no antigo Israel.

    • O exílio babilônico e o retorno a Jerusalém influenciaram a preservação e a organização dos textos sagrados.

    • O desenvolvimento do judaísmo rabínico no período pós-exílio também moldou a definição do cânon.

  • Novo Testamento:

    • A formação do cânon do Novo Testamento ocorreu nos primeiros séculos do cristianismo, em um contexto de perseguição e expansão da fé cristã.

    • A necessidade de definir quais escritos eram autoritativos para a igreja nascente levou à seleção dos livros do Novo Testamento.

    • As controvérsias teológicas e as heresias também influenciaram a definição do cânon.

  • Referências Bíblicas:

    • A Bíblia em si é um documento histórico, com relatos de eventos e personagens que moldaram a história do povo de Israel e da igreja cristã.

    • A compreensão do contexto histórico é essencial para a interpretação correta das Escrituras.


O Impacto das Diferentes Versões do Cânon:

  • Diferenças Teológicas:

    • A inclusão ou exclusão dos livros deuterocanônicos influencia a teologia das diferentes tradições cristãs.

    • Por exemplo, os livros deuterocanônicos fornecem informações importantes sobre a história e a teologia do período intertestamentário.

  • Prática Cristã:

    • As diferentes versões do cânon influenciam a forma como as Escrituras são utilizadas na liturgia, no ensino e na devoção pessoal.

    • A leitura e o estudo dos livros deuterocanônicos são mais comuns na tradição católica, enquanto a tradição protestante tende a se concentrar nos livros do cânon hebraico.

  • Referências Bíblicas:

    • A interpretação de passagens bíblicas pode variar dependendo da versão do cânon utilizada.

    • Por exemplo, a compreensão de certas passagens sobre a oração pelos mortos pode ser influenciada pela inclusão ou exclusão dos livros deuterocanônicos.

A história é essencial para a compreensão da formação do cânon bíblico e do impacto das diferentes versões do cânon na teologia e na prática cristã. O estudo do contexto histórico e cultural nos ajuda a interpretar as Escrituras de forma mais precisa e a apreciar a riqueza da tradição bíblica.


O estudo do cânon bíblico revela um processo complexo e multifacetado, que se estendeu por séculos e envolveu diversas comunidades religiosas. Ao explorarmos a formação do cânon, compreendemos a importância da tradição, da história e da interpretação na fé judaico-cristã.


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